O arranque da temporada do FPAK Júnior Team (FJT) de velocidade em Portimão deixou excelentes indicações, já que os seis jovens pilotos, apesar das exigências de uma pista cujo piso variou entre o seco e o molhado, devido à intermitência da chuva, tiveram um desempenho que deixou “bastante satisfeito” o “coach” e responsável pela coordenação do projeto, César Campaniço.
Diogo Castro e Tomás Gomes foram vencedores da corrida 1, na frente de Rodrigo Vilaça e Tomás Martins e Martim Romão e João Faria, enquanto na corrida 2 triunfaram Rodrigo Vilaça e Tomás Martins, face a Martim Romão e João Faria, com Diogo Castro e Tomás Gomes no último lugar do pódio.
Campaniço salienta que os jovens pilotos do FJT’2025 demonstram uma melhor preparação face aos candidatos dos anos anteriores:
“Acho que tem a ver com o facto de este ser a terceira edição. Nos primeiros anos, provavelmente, nem todos os jovens que se candidatavam tinham a certeza do que iriam encontrar e talvez receassem se estariam a dar o passo certo. Agora, as candidaturas que recebemos foram de pilotos já com um currículo, na sua maioria, de mais de cinco anos no karting. São miúdos que sabem que o FJT tem vindo a funcionar bem nos dois anos anteriores. Uma boa parte deles já tinha bons resultados no karting e viu-se logo no primeiro treino que eram muito competitivos, apesar da sua juventude. Este ano, o mais velho tem 18 anos e o mais novo 15. Todos começaram no karting aos 10 anos ou mesmo antes”.
A estratégia da FPAK de permitir, através do FJT, que os jovens oriundos do karting possam dar seguimento à sua carreira, agora aos comandos do Ginetta G40 na sua estreia nos automóveis, tem dado frutos. E vai ao encontro do pendor que começa a ser uma realidade nos dias de hoje no desporto automóvel…
“O número de candidatos aumenta a cada ano que passa e creio que isso tem a ver com a tendência generalizada, como já sucede além- fronteiras, de os jovens saltarem do karting para os automóveis cada vez mais cedo a nível etário. No meu tempo, tal sucedia, em regra geral, apenas aos 18 anos, mas agora é bastante diferente. Aliás, eu diria que haverá algum receio de dar esse passo, porque ao alto nível a que eles, já com 15 ou 16 anos, andam no karting, uma verdadeira ‘mini Fórmula 1’ em termos de profissionalismo e de competência, passar para os automóveis é como se fosse uma espécie de ‘downgrade’. Contudo, a FPAK, e daí o convite para eu integrar o projeto, entendeu criar as condições para que o FJT seja uma escola de formação para uma aprendizagem mais rápida no mundo dos circuitos. Palavra passa palavra, até porque somos um país pequeno, e hoje os jovens pilotos candidatam-se, como disse, com um currículo bem mais completo”.
Na pista de Portimão, palco da primeira de quatro jornadas duplas do Campeonato de Portugal de Velocidade, os seis pilotos do FJT viveram sensações únicas ao volante dos respetivos Ginetta G40 preparados pela Monteiros Competições. Para além da descoberta de um traçado tão desafiante como o do circuito algarvio, a alternância de piso seco e molhado representou outro desafio que todos superaram com distinção, algo que deixou
César Campaniço surpreendido.
“Nos treinos livres, nos quais se juntavam todas as categorias, estavam mais de 40 carros em pista e isso é sempre um impacto muito grande para os jovens pilotos. Os nossos carros [Ginetta G40] são ideais para quem chega do karting, tanto a nível de potência como de peso, mas rodar junto de carros mais potentes é bastante complicado, a nível de trânsito e tudo o resto. Esse foi o maior choque para eles, mas, focados na condução, habituaram-se a esse pormenor. Depois de uma boa base em seco, quando choveu e o piso ficou molhado até me surpreenderam. Sendo a primeira corrida de todos nos automóveis, tiveram calma, lutando até ao final, pois essa corrida apenas ficou decidida nos últimos metros entre os dois primeiros. Em 50 minutos com troca de piloto acabaram os dois colados e o terceiro também estava lá, só que acabou por cometer um erro. Claro que a nível de aprendizagem é bom haver piso seco e molhado, só que para quem está do lado de fora, como eu, o stress é constante. A verdade é que saíram de lá com uma experiência completa”.
O responsável no terreno do FJT na área da velocidade não poderia estar mais satisfeito face ao comportamento dos seus “alunos” Diogo Castro, Tomás Gomes, Rodrigo Vilaça, Tomás Martins, Martim Romão e João Faria nas duas corridas em Portimão, como fez questão de sublinhar:
“Acho que a escolha do início do campeonato em Portimão também foi importante, porque a pista, dadas as suas caraterísticas em termos de dimensão e de escapatórias, deixa os pilotos estreantes mais confortáveis no caso de apanharem um susto ou se deparar com qualquer situação complicada. Isso permite adquirir confiança e ajuda-os bastante, sobretudo num treino com 45 carros. No trânsito eles podem alargar a trajetória e dar passagem os outros, enquanto numa pista antiga seria bastante mais complicado fazê-lo face a carros que são 15 ou 20 segundos mais rápidos. Por outro lado, acaba por ser também uma pista em que fazem pouco mais de 2 minutos por volta e na qual têm que saber utilizar tudo do carro, até porque eles ‘só’ pensam em conseguir bons tempos. No final, já variavam entre os seis e os sete décimos de diferença, o que é, de facto, muito bom, sendo três carros e pilotos diferentes. Acabou por ser extremamente importante dar-lhes um pouco mais de confiança neste primeiro confronto com muitos carros em pista”.