Alexandre Borges, ao volante de um La Base RX01 de 600 cm³, assinou uma vitória impressionante na última prova do Campeonato de Portugal de Kartcross, provando mais uma vez, porque é um dos
nomes incontornáveis do Kartcross nacional.

Foi uma vitória construída com inteligência, talento e resiliência. Numa prova em que tudo era novo. Novo carro, nova dinâmica e nenhuma experiência prévia ao volante deste modelo em contexto de competição, mas nada disso foi impedimento para o piloto da NelaSport que mostrou o instinto competitivo e a capacidade de adaptação que o distinguem. Ao longo das corridas, foi encontrando o equilíbrio certo, interpretando cada reação do chassi e explorando o limite do conjunto até cruzar a linha de meta em primeiro lugar. Um triunfo merecido e profundamente simbólico, que encerra a época com o brilho dos grandes momentos.
"Foi um fim de semana de pura superação. Chegámos a Lousada sem qualquer referência sobre o comportamento do carro em prova, mas com a vontade de sempre, lutar até ao fim. A equipa esteve fantástica e esta vitória é o reflexo do esforço, da dedicação e da paixão que colocamos em cada corrida", comentou Alexandre Borges, emocionado após a prova.

Mas o desfecho do Campeonato trouxe também uma nota amarga. Apesar de ter sido o piloto mais regular da temporada e de somar o maior número total de pontos, o piloto nelense viu escapar a revalidação do título de Campeão devido a uma particularidade do regulamento, que apenas contabiliza os seis melhores resultados e exclui as duas piores pontuações. Uma regra que, ironicamente, penalizou quem mais consistência demonstrou ao longo da época.
"Fomos a equipa mais constante, sempre nos lugares da frente e terminámos com mais pontos somados do que qualquer outro piloto. Mas o regulamento é o que é, e aceitamos o resultado com desportivismo. O nosso objetivo sempre foi dar o máximo em cada prova e saímos desta temporada de cabeça erguida", mantendo o tom sereno e a classe de um verdadeiro desportista.

A temporada de 2025 ficou também marcada pela controversa penalização regulamentar dos 35 kg imposta aos kartcross equipados com motores 3 cilindros Yamaha MT-09, como o ASK XC’R utilizado pela equipa em grande parte da época.
Uma medida regulamentar que reduziu significativamente a competitividade destas máquinas face aos motores de 600 cm3 de quatro cilindros.
"Apesar de não concordámos com essa penalização, que sentimos como injusta, ainda assim, aceitámos e decidimos participar e lutar com as armas que tínhamos. Essa é a essência do desporto, aceitar os desafios, mesmo quando as circunstâncias não nos são favoráveis", sublinhou o piloto da NelaSport.

Nesta prova final, houve também espaço para um gesto que define o melhor espírito do Kartcross português. Alexandre Borges deixou um agradecimento especial a Joca Gonzaga, o piloto que cedeu o seu La Base RX01 que o levou à vitória em Lousada. Dois nomes com histórico de intensas lutas em pista, mas sempre marcadas pelo máximo respeito, desportivismo e fair play.
"Quero deixar publicamente um enorme obrigado ao Joca Gonzaga pela cedência do kartcross. Já tivemos grandes batalhas dentro de pista, mas sempre com uma relação de respeito mútuo e amizade fora dela. Este gesto demonstra o verdadeiro espírito do kartcross, a rivalidade fica na pista, mas o respeito é o que nos une", destacou Alexandre Borges, num momento de genuína gratidão.

A vitória em Lousada não valeu o título, mas valeu algo maior: a confirmação do estatuto de Alexandre Borges como um dos grandes nomes da modalidade, um piloto que alia talento, ética e espírito competitivo como poucos.